Conversas a meia voz,
E esse gesto impetuoso
Com que afastas os cabelos
De cima do teu pescoço.
E esse gesto impetuoso
Com que afastas os cabelos
De cima do teu pescoço.
E
sob o brilho do pente
É que aparece o olhar,
Debaixo do capacete
Dos cabelos ondulados.
É que aparece o olhar,
Debaixo do capacete
Dos cabelos ondulados.
A
noite quente, lá fora,
Faz prever um aguaceiro.
Faz prever um aguaceiro.
Dispersam-se os caminhantes,
Matraqueando os passeios.
Matraqueando os passeios.
Do
estrondo da trovoada
Ouve-se rolar o eco.
Ouve-se rolar o eco.
E o vento faz ondular
As cortinas da janela.
Vem
a seguir o silêncio
Mas sufoca-se, e não cessa,
Intermitente, a presença
Dos relâmpagos no céu.
Mas sufoca-se, e não cessa,
Intermitente, a presença
Dos relâmpagos no céu.
Quando
por fim a manhã,
Cintilante, vem secar,
Nas bermas e nas valetas,
A água da tempestade,
Cintilante, vem secar,
Nas bermas e nas valetas,
A água da tempestade,
Só
as tílias seculares,
Cheias de perfume e flor,
Nos olham com o olhar
De quem passou mal a noite.
Cheias de perfume e flor,
Nos olham com o olhar
De quem passou mal a noite.
Versos de Iuri Jivago (1957)
Tradução de David Mourão-Ferreira
Tradução de David Mourão-Ferreira
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